V Seminário Interno Linguagem e Cognição (V SILC): 10 e 11 de agosto de 2017

V SILC - Seminário Interno de Linguagem e Cognição

UFAL, Maceió 10-11/08/2017

Nesta quinta edição, contaremos com o destacado filósofo Otávio Bueno, professor da University of Miami. 

Ele vai visitar o Brasil para o tradicional Principia na UFSC e concordou em fazer duas conferências em Maceió. 

Aproveitamos a ocasião para apresentar à comunidade as pesquisas de alguns alunos de PIBIC e da especialização em Filosofia vinculados ao nosso grupo "Linguagem e Cognição" em atividades variadas.

Programação:

10/8/2017 - Auditório do ICHCA

18h-19h30 - Otávio Bueno (University of Miami): Lógica e Metafísica 

11/8/2017 - Auditório do ICHCA

14h00 - 14h15 - Abertura: Marcos Silva (UFAL): Sobre Pragmatismo e Anti-representacionalismo

14h15 - 14h45 - Luiz Henrique Santos (UFAL): O Caráter de Regra da Simplicidade

14h45 - 15h15 - Acácio Ferreira (UFAL): Monistas X Pluralistas: Pensando Pragmaticamente o Conceito de Validade

15h15 - 15h45- Marco Antonio Silva (UFAL): A onisciência divina contradiz a liberdade humana? A Solução de Richard Swinburne 

Pausa

16h00 - 16h30 - Nailton Fernandez (UFAL): Jogos em Heidegger. História e transcendência 

16h30 - 17h00 - Deyvisson Barbosa (UFAL): RECtificando o enativismo sensório-motor: Rumo a uma nova teoria da percepção

17h00 - 17h30 - Marina Marasco (UFAL): Mente, Cérebro e Ciência: a resposta de Skinner para a pergunta que Searle não fez 

Pausa 

18h-19h30 - Encerramento: Otávio Bueno (University of Miami): Pluralismo Lógico e Modalidade 

Resumos das Conferências:

Otávio Bueno (University of Miami) 

Lógica e Metafísica 

Nesse trabalho, examino algumas conexões entre lógica e metafísica, indicando as pressuposições metafísicas da lógica clássica relativamente à identidade, existência, domínios (de interpretação), inconsistência, indeterminação e quantificação. A ideia de um neutralismo lógico, defendida por Carnap, segundo a qual a lógica não possui compromissos metafísicos, é discutida criticamente. Ainda que na versão carnapiana essa doutrina não possa ser mantida, sugiro uma forma de defendê-la — ao menos em parte. 

Otávio Bueno (University of Miami)

Pluralismo Lógico e Modalidade 

Segundo o pluralista lógico, há uma variedade de lógicas distintas que proporcionam relações adequadas de consequência lógica. Comparo duas versões desse doutrina, uma formulada, na teoria de modelos, em termos de casos, e outra formulada, numa concepção modalista, em termos de domínios. Defendo a segunda e argumento que o emprego de uma noção primitiva de modalidade oferece uma forma estável de pluralismo lógico apropriada a uma versão empirista da lógica.

Resumo das comunicações:

Marcos Silva (UFAL)

Sobre o Pragmatismo e Anti-representacionalismo

Aqui apresentaremos uma agenda filosófica contemporânea perseguida por projetos diferentes no grupo Linguagem e Cognição da UFAL. O fio condutor desta proposts é rejeição de teses representacionalistas na abordagem de problemas concernentes à linguagem, à lógica, à razão. Usaremos de tópicos da tradição pragmatista, pensada em sentido largo, para defender o anti-representacionalismo, perspectiva na qual elementos cognitivos superiores baseados no individualismo, internalismo e intelectualismo, próprios da tradição moderna, são desafiados a partir da ênfase de elementos dinâmicos, relacionais e interativos em práticas públicas (históricas e culturalmente determinadas) de agentes racionais.

Luiz Henrique Santos

O Caráter de Regra da Simplicidade

Apresento a descrição da evolução do meu trabalho de pesquisa sobre as consequências da noção de regra em Wittgenstein para a ontologia matemática. Inicialmente o trabalho trazia a ideia de explorar uma comparação entre uma dita concepção wittgensteineana e diferentes posições sobre ontologia matemática (nomeadamente, o realismo de Frege). No entanto, uma leitura pragmática da simplicidade, baseada nas Investigações Filosóficas (1953) de Wittgenstein, tomou forma durante a investigação. A proposta que marca essa leitura traz o que chamo de caráter de regra, pretendendo tratar a simplicidade na matemática, na lógica e na linguagem a partir de uma visão pragmática. O peso ontológico da simplicidade é deslocado para a função que ela desempenha, e, desse modo, o caráter de regra tem a ver com o estabelecimento de um paradigma pelo qual organizamos e guiamos nossas práticas. Essa proposta partiu de uma releitura do conceito de elucidação (Erläuterung), utilizado por Wittgenstein no Tractatus (1921) para esclarecer o entendimento que teríamos dos simples, os constituintes últimos da realidade, alcançados através de uma análise lógica da linguagem – os objetos denotados pelos nomes tractarianos. Pretendo expor também os germes de uma proposta que visa dissolver o problema da indeterminação dos sense data no projeto da linguagem fenomenológica de Wittgenstein, como uma consequência da noção de caráter de regra – a tentativa de estabelecer a indeterminação do âmbito fenômenico traria circularidade, pois só poderíamos falar sobre a indeterminação a partir do caráter de regra, que é o modo pelo qual a determinação é estabelecida.

Acácio Ferreira (UFAL)

Monistas X Pluralistas: Pensando Pragmaticamente o Conceito de Validade

Nesta comunicação, apresento um projeto de pesquisa que tem como objetivo principal investigar a disputa lógica entre monistas e pluralistas acerca do conceito de validade. Tal investigação dará maior ênfase à proposta pluralista, tendo como princípio motivador a ideia pragmática de que “o papel expressivo característico do vocabulário lógico como tal é tornar as relações inferenciais explicitas.” (Brandom, 2000). Dado essa nova proposta de conceber a lógica (o denominado expressivismo lógico), o estudo visará o papel expressivo do aparato modal, visto que cada sistema modal expressa uma noção diferente de necessidade que usamos em nossas práticas discursivas, resultando assim, em uma pluralidade de sistemas modais com diferentes critérios legítimos exigidos para a sua definição de validade. 

Marina Marasco (UFAL)

Mente, Cérebro e Ciência: A Resposta de Skinner para a Pergunta que Searle não Fez 

A presente comunicação se propõe a debater um problema central na Psicologia e na Filosofia da Mente: a aparente dicotomia Corpo-Mente. Apesar de longamente discutida na tradição filosófica desde Descartes, nossa ambientação teórica será a Filosofia Contemporânea na figura de John Searle, especificamente em sua obra intitulada “Mente, Cérebro e Ciência”. Dada a extensão breve do presente trabalho, nos concentraremos em revisitar apenas os principais pontos da obra e propor questões essenciais que não foram respondidas pelo autor. Logo em sua introdução, Searle se compromete a clarificar o problema da dicotomia “Mente-Corpo” e resolver questões que têm atravancado o avanço da Psicologia e Filosofia nesse campo. Semelhantemente, B. F. Skinner se debruça sobre esse mesmo problema optando por saídas distintas. Procuraremos demonstrar que o argumento de Searle nessa obra talvez não resista à perspectiva explicativa sócio-histórica de Skinner. Não se trata de provar que Skinner está certo sob quaisquer circunstâncias, mas de demonstrar a fragilidade do argumento de Searle que privilegia o cérebro como lócus originário dos processos mentais a despeito da exterioridade.

Deyvisson Barbosa (UFAL)

RECtificando o enativismo sensório-motor: Rumo a uma nova teoria da percepção

Recentemente algumas tendências enativistas vêm sendo amplamente desenvolvidas no campo da filosofia da mente e das ciências cognitivas. O corpo e as interações articuladas pelas práticas culturais desempenham papéis relevantes nas abordagens corporificadas da mente. Ao contrário da filosofia cartesiana, por exemplo, a mente é vista não como uma substância imaterial, mas como uma capacidade (corporificada, extensa e situada no mundo) que se complexifica à medida que as interações, mediadas pelas práticas culturais, acontecem. Por um lado, Nöe (2004), dentre outras coisas, em busca de um modelo de percepção que seja compatível com alguma forma de Enativismo, defende que "toda percepção tem conteúdo". Por outro lado, ao defender o Radical Enactive (or Embodied) Cognition, REC, Hutto & Myin (2013, 2017) pensam a mente em um "duplex account", ou seja, defendem que existem mentes básicas (inclusive percepção) que carecem de conteúdo e que existem mentes que têm conteúdo. Diante disso, eu gostaria de fazer duas defesas, a saber: 1. Pensar a mentalidade em "duplex account" é uma abordagem mais sofisticada do que pensar a mente em termos únicos, ou seja, se temos mente, logo temos conteúdo. 2. Uma vez que isso seja estabelecido, gostaria de defender o REC afim de pensar a percepção na mentalidade básica como sendo desprovida de conteúdo. O ponto fundamental aqui é que a percepção é melhor entendida quando pensamos como os organismos interagem com o mundo, sem necessidade de se atrelar conteúdo de algum tipo.

Marco Antonio da Silva Filho (UFAL)

A onisciência divina contradiz a liberdade humana? A Solução de Richard Swinburne 

A pergunta que move a presente pesquisa é a seguinte: “Se Deus tem o conhecimento de tudo, inclusive do que irá acontecer, como afirmar que os seres humanos executam ações livremente, uma vez que não irão agir de modo diferente do que Deus já sabe?”. Partindo de um conceito teísta de Deus, apresentamos a solução de Richard Swinburne para essa questão. Swinburne afirma que a onisciência pertence a pessoas em dado instante do tempo. Isso significa que uma pessoa P é onisciente no tempo t, se ela conhecer todas as proposições verdadeiras nesse tempo t. E, considerando que as proposições sobre ações humanas futuras não tem valor de verdade, Deus não poderia conhecê-las. Desse modo, a resposta de Swinburne é que o homem é livre em suas escolhas, e essa liberdade exclui um conhecimento prévio de Deus sobre suas ações. A resposta dada por Swinburne supõe que Deus seja eterno, porém no sentido de existir desde sempre e para sempre, não sendo atemporal. A solução de Swinburne é satisfatória? Alguns problemas parecem emergir: Deus pode ser perfeito e ter a possibilidade de errar? E o que dizer das profecias? Um Deus que não é atemporal pode ser perfeito? E o que dizer das profecias? Elas são caras ao desenvolvimento das religiões teístas tradicionais. A discussão sobre liberdade humana é importante na elaboração de teodiceias, ajudando a explicar a existência do mal moral.

Nailton Fernandes (UFAL)

Jogos em Heidegger. História e transcendência

No interior da preleção denominada Introdução à filosofia (1928/29) Heidegger atenta por diversas vezes que “filosofia é transcendência expressa”, o que equivale a seguinte tese: Filosofia é filosofar, ser-no-mundo, tornar explícito linguisticamente, algo tácito em nosso cotidiano, nossa constituição existencial. A defesa dessa tese fornece um maior esclarecimento sobre o conceito de transcendência, no entanto, um outro ingrediente ou elemento faz-se necessário, o jogo (Spiel). Diz Heidegger: “A transcendência assume um caráter de jogo”. Nesta comunicação exploraremos o uso heideggeriano do conceito de jogo, como elemento fundamental, para pensar o quanto nossas práticas linguísticas e não linguísticas apoiam-se em nossa história e cultura.

Fonte: SILC UFAL

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